Druzismo

06/08/2015 18:39

       No período de 996 à 1021 da era cristã, governava no Egito o califa Al-Hákem Biamr Allá, da dinastia Fatímida (descendentes de Fátima, filha de Mohammed). Durante esta dinastia surgiu um movimento teológico reformista, que mais tarde transformou-se em uma nova ramificação do islamismo, que veio de uma dissidência do xiismo, conhecida por druzismo. Esta época foi marcada por muitas ramificações ideológicas, filosóficas e dissidências religiosas.

        Alguns homens se destacaram na faculdade de filosofia do Cairo. Estes homens eram estudiosos do Alcorão e fizeram parte do movimento reformista. Um deles foi Hamze, que se destacou e exerceu forte influência no califa.

        Baseados na razão e argumentação racional que os libertava da crença em milagres ou contrariasse a lei de Deus, os reformistas produziram mensagens e cartas, que mais tarde se transformaram nos seis livros sagrados, denominados Al-Hikmat (livros da sabedoria), que se tornaram os livros druzos.

            Os fundadores do druzismo foram: Hamze Ben Ali Azáuzane, Ismail Ben Muhamed Ben Hamed Attamimi, Muhamad Ben Wahb Al-Coraichi, Salema Ben Abdel Wahab Assámiri e Ali Ben Ahmad Assumuqui. Eles seguem a definição das cinco formas que os propuseram a fundar o druzismo, são cognominados pelos títulos filosóficos e espirituais: razão, alma, verbo, precursor e seguidor.

            Os druzos estão espalhados pelo mundo, mas suas regiões principais são: Líbano, Síria e Palestina. Fazem parte de uma minoria dentro das seitas muçulmanas, não passando de um milhão de fiéis. Eles se destacam na literatura e comércio; são muito educados e corteses. Depois da morte do califa Al-Hákem, foi desencadeada uma forte perseguição contra os druzos, pois alguns temiam que o movimento tivesse cunho político. As perseguições prosseguiram por vários anos, martirizando seus adeptos e tentando romper com suas ideias já consideradas heréticas por outros muçulmanos.

            Como os demais muçulmanos, os druzos também emigraram para outros continentes. Dentro da sua doutrina, quando havia necessidade de emigrar para outro país, somente o homem poderia fazê-lo. Com isso, muitos druzos se casarem com mulheres de outras religiões. Esta prática os fez menos proselitistas.

            A prática religiosa pouco difere da sunita e xiita. São rigorosos com a lealdade e muitos se envolvem com o ascetismo, mesmo vivendo em comunidades. Têm liderança própria; possuem seus tribunais comunitários presididos pelo juiz da seita. A sentença emana desses juizes, mas só pode ser aprovada pelo teólogo.

            A crença druza está baseada na adoração ao Deus único, depois no islã, determinado pela razão. Seguem o Alcorão e praticam a filosofia da escola Hanifita. Os seus livros sagrados (sabedoria) são interpretações e comentários do Alcorão. Estes livros são guardados com o maior sigilo, para que não haja perseguição.

            Eles crêem na reencarnação. Admitem a passagem da alma de um corpo para outro corpo, só podendo ser um corpo humano. Utilizam para esta confirmação textos dos sagrados evangelhos e do próprio Alcorão.

            Os fundamentos do druzismo são: Deus, razão, islã, fé e ação. Deus é um só e sem similar, criou a razão e por ela dirige as criaturas; a razão é a luz divina no ser, por ela o homem chega a Deus e conhece o seu poder, o menor desequilíbrio nela prejudica o homem em suas ações; o islã é o instrumento em Deus, e por isso não vive no erro quem o pratica; a ação é praticar o bem para com todos, sem distinção.

            A imigração dos druzos ao Brasil teve início em 1885. Os primeiros homens, no seu total oito, fixaram-se em Teófilo Otoni (MG), formando uma grande família com 176 membros. A estatística não é precisa, principalmente por volta da I Guerra Mundial. É conhecido que muitos se miscigenaram no interior e nos sertões. Nos grandes centros urbanos o seu número é maior e são reconhecidos como pessoas de bom comportamento e trato. Possuem duas grandes associações: em Belo Horizonte, Rabtah Druza e em São Paulo o primeiro Lar Druzo Brasileiro fundado em 10 de setembro de 1969.

            Existe um conjunto folclórico Fakridim, de origem druza, que atua há mais de vinte anos nos seguintes estados: Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Pará, Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo.