Imigração Muçulmana
Foto de arquivo pessoal.
J Jorge Safady foi um dos estudiosos árabes que melhor contribuiu com informações a respeito da imigração árabe no Brasil, trouxe muito mais informação sobre a comunidade cristã do que a comunidade muçulmana. Isto não foi proposital, mas sim, o que realmente tínhamos como representantes da imigração árabe. Os muçulmanos não marcaram tanta presença nas três primeiras levas imigratórias. A partir da década de sessenta o número aumentou um pouco mais, porém, até hoje o maior número de árabes são cristãos.
Os muçulmanos imigraram em 1901, com a chegada dos alawitas da Síria. Em 1920, a imigração de muçulmanos aumentou, oriundos da Síria, Líbano e Palestina.
No início da imigração muitos árabes muçulmanos não conseguiram manter suas tradições religiosas devido à aculturação no Brasil. Muitos se tornaram católicos por não haver outro tipo de culto na comunidade. Foi somente nas grandes cidades como São Paulo e Rio de Janeiro que puderam realizar seus diferentes cultos, pois o número de árabes já era maior nestes locais.
Eles se estabeleceram em cidades isoladas. Quando chegavam solteiros, casavam-se com as brasileiras e acabavam se afastando da religião. O problema do matrimônio foi gerando nos imigrantes posteriores um cuidado especial não permitindo que seus filhos se casassem com brasileiros, estimulando a preservação das tradições religiosas.
Depois da Segunda Guerra Mundial e com o início de conflitos nacionais no Oriente Médio, surge no Brasil um número mais expressivo de imigrantes muçulmanos. Este número maior consegue se reunir com o fim de preservar a cultura, então os ritos religiosos oferecem o início da estabilização muçulmana.
Em 1940 foram recenseados mais ou menos 3.053 muçulmanos em todo o Brasil, sendo 1.393 no estado de São Paulo e 831 no Rio de Janeiro. Com outras imigrações os números destes muçulmanos foram crescendo, e estes na sua maioria, se localizaram nas zonas periféricas da cidade (HAJJAR, 1985:81).
Tomamos conhecimento dos motivos da imigração árabe e entendemos que este ciclo migratório ocorreu principalmente até 1950, onde se firmaram no comércio, agricultura e indústria, onde difundiram sua cultura. A permanência deles no Brasil teve o objetivo de crescerem economicamente e terem liberdade de expressão.
Até pouco tempo a missão de zelar pelos muçulmanos brasileiros era do Cairo, que enviava os líderes (cher) formados na Universidade Al-Azhar, a capital do intelectualismo islâmico.
Hoje a comunidade muçulmana conta com o apoio da Ordem dos Sábios Muçulmanos do Islã no Brasil. Esta ordem tem como objetivo orientar sobre assuntos modernos como, por exemplo, o transplante de órgãos, aconselhando como deve ser o comportamento do muçulmano. Este conselho começou a funcionar no ano de 1993, e somente no ano 2001 ele foi oficializado. Quando não existia esta ordem, os muçulmanos deveriam levar ao conhecimento dos sábios do Oriente Médio os assuntos que tinham implicações éticas e teológicas. Cada muçulmano oriundo de um país islâmico enviava seus pedidos de esclarecimento ao seu país de origem.
Abaixo relacionamos os templos e as sociedades muçulmanas fundadas até o final da década de sessenta no eixo Rio-São Paulo.
Rio de Janeiro
- Sociedade Beneficente Islamita Alawita
- Sociedade Beneficente Palestina4
- União Sírio Druza
- Sociedade Árabe Muçulmana
- Confederação Islâmica
- Sociedade Beneficente Muçulmana do Rio de Janeiro
- Sociedade da Mocidade Alawita Síria
- Sociedade Islâmica - 1935
São Paulo
- Associação Cultural Recreativa Islâmica
- Sociedade da Juventude Árabe Palestinense - 1935
- Sociedade Beneficente Muçulmana - 1929
- Mesquita Brasil - 1956